Não, esse texto não está fora do tempo. O WebSummit é um evento tão intenso, com tantas informações, que precisa mesmo de um período de depuração. Eu nunca tinha ido em um evento deste porte na área de inovação e realmente é um tsunami que nos inunda. E algumas coisas precisam ser depuradas, entendidas, substanciadas, revisitadas.
Um pequeno resumo para quem não conhece. Começou em Dublin em 2009 e há 2 anos fechou parceria com a cidade de Lisboa para que a cidade o sedie por 10 anos. Esse ano foram mais de 70.000 pessoas, de 160 países. Neste público, estavam aproximadamente 11.000 CEO´s e 2.500 jornalistas, que foram impactados por mais de 1.200 speakers (palestrantes e painelistas).
São 3 dias e mais 1 noite, onde tudo acontece ao mesmo tempo. E existe esse sentimento novo, chamado FOMO, Fear of Missing Out. Que é basicamente uma ansiedade fortíssima que você sente nesses eventos, pois queria estar em pelo menos 4 lugares ao mesmo tempo e a tecnologia ainda não te fez Deus para ser onipresente. São 18 stages, que acontecem simultaneamente, mais a feira em 5 pavilhões com stands super interessantes de tecnologia, mais as startups… enfim! O negócio é escolher e aceitar.
Cada participante tem sua própria jornada, e aqui divido com vocês alguns aprendizados que foram transversais para mim.
1) Avanço da Tecnologia:
a. Não tem mais volta. Se você acha que a tecnologia é algo que você pode ou não se envolver, você ficou no século passado. A revolução da tecnologia 5G vai transformar completamente a nossa vida em conjunto com a computação quântica, com a evolução da Inteligência Artificial e do Machine Learning, não falaremos mais em pessoas conectadas, mas em dispositivos conectados. Em 5 anos, a conectividade vai ser tão presente e sutil, como a eletricidade é hoje para a gente.
b. Brad Smith, CEO da Microsoft, colocou muito bem, quando disse que perguntar o que as máquinas PODEM fazer é a pergunta ERRADA! A nova questão é o que as máquinas DEVEM fazer. E esse é um assunto para a regulação e a ética.
2) Proteção de Dados:
a. Foi um dos temas centrais do evento, que teve como speach de abertura Eduard Snowden, afirmando que dados não são abstratos. Todos os dados são sobre as pessoas e por isso, não são os dados que são explorados, as pessoas que são.
b. Já Britney Kaiser (Ex Cambridge Anlytics), acredita que o caminho para a real proteção de dados está na educação das crianças, que devem aprender desde noções de privacidade, direitos básicos de informação até protocolos básicos de segurança cibernética. Ela indicou um estudo que achei fantástico sobre o Quoeficiente de Inteligência Digital.
c. Todos morrendo de medo da China. Inclusive o CTO da Casa Branca, Michael Kratsios, que deixou muito clara a posição americana, acusando o Governo Chinês de distorcer a tecnologia para sobrepor a censura sobre a liberdade de expressão e o controle do cidadão sobre o empoderamento. Alega que a lei chinesa obriga todas as empresas chinesas, incluindo a Huawei, a cooperar com seus Serviços de Inteligência e Segurança, independentemente de onde a empresa opere.
3) Regulação:
a. Não dá para falar de proteção de dados, sem falar em regulação. Precisamos cuidar para que esta revolução tecnológica seja justa e inclusiva e por isso, os governos não podem levar décadas para se sincronizar.
b. As empresas Big Techs possuem hoje muito poder, as vezes comparável com o poder político de governos. Mas quando falamos de tecnologia, não falamos só de empresas gigantes, temos que criar legislação compatível também para as pequenas empresas que estão surgindo
c. Não podemos legislar apenas reagindo a casos específicos. É necessário que os novos sistemas sejam mais flexíveis, o tradicional já não é mais adequado.
d. E como chave de ouro, Tony Blair, foi de extrema objetividade e simplicidade quando definiu: “Políticos são criaturas simples, o que eles não entendem, não gostam. E o que não gostam, são contra. Precisamos que os políticos entendam para que possam regular direito”.
4) Liderança:
a. Países precisam de líderes, Big Techs precisam de líderes e startups também. Mas quem é esse líder que precisamos hoje?
b. Precisamos de líderes que estejam dispostos a co-criar, a dar espaço para as pessoas colaborem dentro de uma visão clara de futuro, com ética, propósito e que possam arriscar, correr riscos e errar.
c. Nessa nova era tecnológica, a ética é cada vez mais valorizada. Não é sobre ter a melhor tecnologia, mas sim, como tirar o melhor da tecnologia para resolver problemas que realmente importam para a sociedade.
d. “Criar uma cultura, vai muilto além de colocar mesa de pebolim na empresa. A cultura começa com valores sólidos que atraiam e motivem as pessoas corretas e também para que as mensagens sejam passadas”, Mitchell Baker, cofundadora da Mozilla
5) Diversidade:
a. Pouco se falou. Houve um painel sobre diminuir o déficit de gênero, uma abertura de dia trazendo o dilema dos imigrantes.
b. Muito se praticou. Muitas, muitas mulheres brilhando no palco. Um coletivo de unicórnios, com suas fundadores mulheres. Painelistas de diversas etnias, países e posições políticas. Painelistas robôs.
c. Na plateia, mais de 160 países e público quase em equidade de gênero (46,3% mulheres). Falar para quê? Quando a gente pode simplesmente praticar.
6) Varejo e Moda:
a. Se tem mercado onde a tecnologia já está bem inserida é o varejo. As lojas on line ocuparam seu território trazendo toda uma nova significação para a loja física, que deixou de ser transacional e passou a ser relacional.
b. A quantidade de dados coletados e trabalhados, podem hoje personalizar a interação da marca com o cliente, criando engajamento e experiências únicas para cada consumidor.
c. Quanto mais dados analisados, mais personalizada e exclusiva é a relação com o cliente. Mas temos o dilema da proteção dos dados. Como balancear isso de forma a gerar experiência e manter a privacidade?
7) Inspiração:
a. 4 líderes em especial, mexeram com as minhas emoções e me inspiraram de forma especial.
b. Ariel Garten, fundadora da Muse, trouxe muito do poder do Mindset. E como podemos escolher os pensamentos que estão na nossa cabeça, matando a nossa voz crítica que tenta nos diminuir. Que os “nãos” existem no caminho e eles não são pessoais, precisam ser encarados como aprendizado. E, principalmente falou da importância do networking para que você consiga chegar nas pessoas que podem fazer o seu projeto acontecer.
c. Chris Barton, fundador da Shazam, que nos trouxe a capacidade de sonhar além da tecnologia disponível. Ensinou a nunca desistir da loucura, se você está sendo taxado de louco, por enfrentar um desafio como esse e não acreditam em você, tenha foco e persistencia. Porque as pessoas que são loucas o suficiente para pensar que podem mudar o mundo, são as que realmente podem.
d. O Rapper Akon, deu um show de carisma e motivação no painel: “What They Don´t Teach at Business School”. Ele trouxe o quanto é importante descobrir o que nós fazemos bem e com paixão. “Quando você se coloca numa posição onde sabe exatamento o que quer fazer, você sabe que é bom nisso e faz com certa regularidade, acaba se tornando extraordinário nisso. E qualquer coisa em que você seja extraordinário, as pessoas pagam por esse serviço. E eu descobri que esse serviço pode abrir muitas portas. Eu era bom na musica e a música se tornou a ponte para todo o resto que eu queria na minha vida”.
e. Daniel Grieder, CEO da Tommy Hilfiger, com o desafio de “Transforming a Timeless Brand”, trouxe que tomar risco, não é o nosso maior risco. Que não é o maior que vence o menor, mas sim o mais rápido que vence o mais lento e encerrou sua participação citando Nelson Mandela: “ Eu nunca perco. Ou venço, ou aprendo”.
Queria conseguir ter feito um texto mais sucinto. Mas as inspirações e insights, são realmente muitas e cada um desses 7 itens, dariam maravilhosas e intermináveis discussões, que estou completamente aberta a ter! Cada interação é um aprendizado e uma oportunidade de conhecermos mais o tema!

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